segunda-feira, 26 de março de 2007

Bum bum paticumbum prucurundum

Apesar de o País ter voltado à normalidade de cirandas políticas, houve um episódio que atravessou o samba, tanto o carioca quanto o da Baixada, de que eu preciso falar.

No Rio de Janeiro o compositor Nelson Sargento teve sua família impedida de desfilar e, por conseguinte, recusou-se a entrar na avenida. Já Beth Carvalho foi barrada em pessoa. Aliás, foi expulsa do desfile da Mangueira. Sorte de Cartola que está no céu, assim não corre o risco de ser mais uma vítima da instituição verde e rosa.

O tempo foi curto para acompanhar a maioria dos desfiles da Região Metropolitana. Ao assistir ao desfile em Cubatão, do palanque [que deveria ser apenas] para a imprensa, me deparei com uma cena semelhante durante o desfile da Nações Unidas: na arquibancada, Fábio Rosa, o Faboca; no gradil, Fabrício Lopes, ambos apaixonados pela escola.

Na Mangueira e na Nações, duplas tão distantes e destinos tão semelhantes. Sambistas e compositores ficaram fora da passarela do samba.

Inesquecível a época em que as escolas ainda eram de samba. Onde ser sambista era muito mais que alguns minutos na passarela. Quando a tradição falava mais alto que o apadrinhamento.

Hoje o samba é dirigido de forma egocêntrica. Carnavalescos estrelas e destaques vaidosos, orquestrados por dirigentes esquizofrênicos vão perdendo a cadência do samba. Sábia foi Beth Carvalho quando profetizou que a paga da mão estendida é a traição. A história do samba agora só tem lugar na arquibancada.

A maioria dos contemporâneos fala do carnaval apenas como mais um feriado nacional. “O samba que se dane”, como bem mostram os destratos ocorridos. Compará-los à velha guarda é até covardia. Não fica pedra sobre pedra.

Se a evolução do samba tivesse seguido o curso normal, o carnaval seria bem melhor do que é. Talvez não tivesse esse destino tão medíocre se o arbítrio dos egos não obrigasse tantos outros a margearem a alegria, condenados apenas por amar o samba.

Antes de deixar meu tradicional abraço, deixo aos que tentam dirigir as escolas de samba “O meu pedido final... / Não deixe o samba morrer / Não deixe o samba acabar / O morro foi feito de samba / De samba pra gente sambar”.

Um abraço
Eduardo Morello

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