Um dos meus passatempos prediletos nessa época é ver os cabelos esvoaçando. Não importa se os fios são meticulosamente emparelhados ou poeticamente desalinhados: o vento brinca sem pudor com todas as madeixas. As reações se reduzem a duas, a indignação por ter sido desfeito o trabalho de horas de cabeleireiros confessionários ou um riso maroto de quem já aprendeu usar o vento a favor para organizar o que, de uma maneira peculiar, é uma bagunça organizada.
Este dia de frio que [tenho fé que] irá se repetir, desperta nas pessoas uma esperança graciosa onde pouca coisa é suficiente para modificar o dia. Um exemplo claro deste sentimento é a presença do Sol. Aquele que em um passado próximo castigava e reduzia o raciocínio, hoje chega tímido e te envolve como um amigo que lhe aquece. Agora o astro rei é companheiro. Passamos os dias de inverno esperando sua visita.
Nessa serenidade de que pouco com Deus é muito, tomando um café e recebendo um afago solar, comecei a pensar sobre o que escrever pra coluna desta semana. Pensei nas quadrilhas do alto escalão; ver mega-esquemas desmantelados e prefeitos, governadores e deputados caçados é bom, mas não é original. Então pensei nos juízes, procuradores e até no ministro do STJ que está sob investigação, também é repeteco.
Descartei falar do delegado federal envolvido nessa falcatrua porque não é justo com a Instituição. Só temos notícias de pouquíssimos mentecaptos e, durante o governo do Lula, a Polícia Federal tem desempenhado um papel único, como em nenhum outro governo. Espero o Tarso Genro não estrague tudo.
Nada me pareceu tão bom quanto ficar com meu amigo Sol, um café e a esperança de ver os afiados ventos gélidos se divertir com os comportados ou rebeldes cabelos femininos. Hoje não vou analisar nada, apenas aceitar a esperança.
Um abraço,
Eduardo Morello
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